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terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Saudações ao "grande antagonista"




Vocês conhecem o filósofo e teólogo Luiz Felipe de Cerqueira e Silva Pondé*, ou simplesmente Luiz Felipe Pondé, como ele assina seus artigos na Folha de São Paulo (onde trabalha como colunista exclusivo) e livros sobre Literatura, Filosofia e Teologia? Soube do traballho de Pondé por um amigo, que o definiu como "um grande antagonista". Como o amigo era confiável, comecei a ler alguns textos do Pondé disponíveis na internet. No início fiquei um pouco decepcionado, pois a linguagem direta e quase simplória do articulista esconde a amplitude de seu pano de fundo filosófico. Conforme fui conhecendo outros textos, tornou-se evidente que se tratava de uma simplicidade muito bem arquitetada, estratégica até.
Não quero adiantar muita coisa sobre o pensamento de Pondé, já que vou postar seus textos no blog, assim o leitor pode tomar pé do tamanho do estrago que pode causar o pensamento desse polemista conservador. Sim, Pondé é conservador e o afirma abertamente.  "A que ponto chegamos", somos tentados a pensar ("nós" humanistas e afins). Afinal, um católico conservador escrevendo num dos maiores jornais do país não é a mais clara evidência do quanto a sociedade brasileira regrediu politicamente ou, em jargão estudantil, "endireitou"? Sim. E não. Como espero demonstrar, embora nosso antagonista seja claramente avesso ao ponto de vista marxista (e nisso merece resposta), seu pensamento está longe de afirnar-se com o coro hegemônico. Pondé é um dos expoentes de uma minoria conservadora extremamente crítica em relação a algumas das idéias atualmente mais difundidas pelos meios de comunicação. E o pior: geralmente suas críticas acertam o alvo, como veremos. O próprio Pondé se auto-define como conservador e explica o que isso significa para ele:

"Conservadorismo significa, sem dúvida nenhuma, uma desconfiança enorme em relação à modernidade, compreendida como a crença na razão como instrumento suficiente para o conhecimento. “Conservador” é um termo que não é claro. Mas é razoavelmente correto você pensar que o termo indica desconfiança e mal-estar com relação à suficiência da razão, desconfiança com a idéia de que você possa jogar fora a tradição religiosa, contrariedade à idéia de ruptura -de que o ser humano possa inventar tudo a partir de hoje-, e está também na idéia de que a natureza humana é alguma coisa da qual você deve se aproximar com cuidado e que sempre subentende um certo mistério."  ("Chega de modernidade". Folha de São Paulo, 09/12/2007)


Mas afinal, por que alguém que se considera ateu e socialista deveria ler o que escreve um fenomenólogo conservador? Primeiramente, para criar motivação: escolha o oponente mais poderoso à vista e pise no seu pé, essa é mais ou menos a receita aqui. Além disso, para atualizar o debate, pois, como é sabido, as coordenadas da luta ideológica alteram-se historicamente, inclusive em seu modus operandi.  Nesse processo, posições ideológicas que tinham força de contestação podem ser completamente assimiladas e esvaziadas de seu conteúdo político. Por incrível que pareça, Pondé é extremamente sensível a esse fenômeno, embora parta de pressupostos que divergem dos nossos. Para terminar, o fato de Pondé ser um teólogo insere seu pensamento numa tradição que precisa ser repensada pela esquerda atual. Mas isso merece um texto a parte. Por ora, ergamos loas aos céus e saudemos nosso mais novo antagonista!

* Luiz Felipe Pondé possui um currículo invejável:  mestrado em História da Filosofia Contemporânea pela Universidade de São Paulo (1993) (orientação de Franklin Leopoldo e Silva!) , DEA em Filosofia Contemporânea - Universite de Paris VIII (1995), doutorado em Filosofia Moderna pela Universidade de São Paulo (1997) (orientação de Franklin Leopoldo e Silva!) e pós-doutorado (2000) em Epistemologia pela University of Tel Aviv. Atualmente é professor assistente da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e professor titular da Fundação Armando Álvares Penteado. Outros vínculos significativos em pós-graduação: Escola Paulista de Medicina, Unifesp, professor e pesquisador convidado (2007) , University of Warsaw, professor convidado (2007), Universität Marburg, professor e pesquisador convidado (2002 e 2003) - University Of Tel Aviv, pesquisador (1999 a 2000) - Universite de Paris VIII, pesquisador (1994 a 1996) - Universidad de Sevilla, professor convidado (2005) - Universite Catholique de Louvain (2002 até o presente) e colunista exclusivo do Jornal Folha de S. Paulo. Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em Ciências da Religião e Filosofia da Religião, atuando principalmente nos seguintes temas: religião, mística, santidade, angústia, modernidade/Pós-modernidade e epistemologia.

5 comentários:

Anônimo disse...

O que é isso, cara? elogiando esse pelego? Virou conservador é? Que vergonha!!!

Francisco Razzo disse...

"Afinal, um católico conservador escrevendo num dos maiores jornais do país não é a mais clara evidência do quanto a sociedade brasileira regrediu politicamente ou, em jargão estudantil, "endireitou"?"

Meu caro, só pra lembrá-lo, Pondé não é Católico, mas Judeu.

Att
Francisco

Anônimo disse...

É mesmo, mas no programa "provocações" ele disse: "a vida é um acidente da matéria". Só se for judeu ateu. Ou seja, quase católico (rs).

Anônimo disse...

Eu sou judeu e ateu, algum problema?

cronopio disse...

Nenhum problema, desde que não apóie irrefletidamente toda e qualquer ação imperialista do estado de Israel...